fbpx

Crítica: Duas Vidas(2000)

Duas Vidas e a difícil arte de crescer

E se você tivesse a chance de revisitar sua infância quando tinha oito anos de idade? E se essa oportunidade te possibilitasse se libertar dos traumas e fantasmas do passado revendo seu presente e ainda tendo uma breve prévia de seu futuro daqui há 30 anos? Essa é resumidamente a história do filme Duas Vidas (The Kid, 2000) dirigido por Jon Turteltaub e protagonizado por Bruce Willis.

Uma mistura de comédia com doses de drama tendo uma criança como eixo central da narrativa, como habitualmente acontece nas produções da Disney, Duas Vidas podia ser mais um filme bobinho com uma mensagem piegas ao final, mas acaba nos conduzindo por um caminho mais reflexivo apesar de, obviamente, cair no lugar comum de produções que abordam essa busca de restauração pessoal.

Talvez o que diferencie dos demais filmes sobre a temática seja o fato deste retorno ao passado manter o protagonista adulto no presente, no qual reencontra sua versão infantil, ao invés de transforma-se novamente na criança que foi em uma espécie de  looping temporal.

O que você recordaria? O que você faria diferente? Do que sentiria saudade? Do que sentiria vergonha? O filme nos convida a repensarmos nosso passado, nossa infância e notar o quão diferentes nos tornamos das nossas idealizações infantis. Quantos de nós cresceu e se tornou o que imaginou?  Um escritor, uma bailarina, um médico, astronauta, um músico de sucesso, entre outros.

O personagem de Russ ao rever a criança que foi, notou na perda traumática da mãe a razão de sua indiferença ao pai e de sua dificuldade de relacionar-se socialmente. Assim, sua versão infantil acaba funcionando como uma metáfora da vida questionando-o sobre suas conquistas e fracassos, fazendo-o reconsiderar tudo que até o momento ele fez e o que tentou esquecer.

Tal como Russ ou pior do que ele, nosso presente de insucessos nem de longe se compara ao que almejávamos para nosso futuro, contudo este retrospecto de nossa infância pode servir como um exercício reflexivo acerca de como estamos conduzindo nossas vidas e ao mesmo tempo um disparador para considerarmos o que pretendemos fazer para mudá-la.

Referências

Duas vidas. Direção: Jon Turteltaub,104min, 2000.

Deixe uma resposta