fbpx

Crítica – Endings and Beginnings (2019)

Endings and Beginnings[1] e a difícil arte de recomeçar

Considero Drake Doremus mais que um cineasta, mas um verdadeiro estudioso dos relacionamentos amorosos contemporâneos. O diretor para esse estudo cinematográfico acerca do amor, lança mão de reflexões que vão desde um relacionamento entre jovens  universitários confusos diante do que sentem um pelo outro (Loucamente Apaixonados, 2011) ou um amor proibido em um universo distópico em que sentimentos e toques não são permitidos (Equals, 2015) até a discussão a respeito das relações em tempos de aplicativos de encontros como fez em Newness (2017).

 

Em Endings and Beginnings (2019) por meio da protagonista Daphne (Shailene Woodlev) o diretor desta vez traz como temática a complexidade do recomeço após o término de um relacionamento duradouro. Através de flashes das recordações de Daphne no decorrer da história compreendemos o episódio traumático vivenciado pela personagem e que a motivou a tirar um período sabático de relacionamentos recolhendo-se na casa da irmã. Contudo, a carência causada pela solidão e o encontro com o romântico e doce Jack (Jamie Dornan) e com o ousado e sensual Frank (Sebastian Stan) fazem Daphne reconsiderar sua decisão e envolver-se novamente em relacionamentos.

 

Dividida entre o amor romântico de Jack e a paixão inebriante do Don Juan Frank, Daphne se vê em meio a um turbilhão de emoções e indecisões perdendo-se em meio a seus sentimentos confusos acabando por magoar-se ainda mais.

 

Soma-se a isso a amarga recordação de um abuso sofrido pelo envolvimento com seu ex – patrão. Por meio do olhar de Daphne temos a oportunidade de refletir como em meio a uma sociedade imersa em relações voláteis a necessidade de conexão amorosa com o outro nos tornam reféns de relacionamentos tóxicos e turvam nossa visão quando temos a rara possibilidade de encontrarmos alguém realmente especial.

 

Ludibriados por nossas carências afetivas ou decepcionados por relações traumáticas ficamos vulneráveis tornando mais complexa a tarefa de recomeçar e no final sentimo-nos mais solitários do que antes, tal como Daphne que tem ainda o desafio de recomeçar sem Jack ou Frank, mas apenas com uma outra vida  gerada por seu  envolvimento com ambos.

Ainda mais insegura consigo mesma com a descoberta da maternidade Daphne enxerga nesta, apesar de tudo, uma oportunidade real de tomar decisões maduras e permitir-se a um novo começo, o qual nem sempre necessita de um parceiro,mas de amor próprio acima de tudo.

Referências

Endings and Beginnings , Dir: Drake Doremus, 1h50min, 2019.

[1] Disponível na Paramount +

Deixe uma resposta