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Crítica: O mapa das pequenas coisas perfeitas (2021)

Quais as pequenas coisas perfeitas para você?

“Todo dia a gente perde tempo o tempo todo e um dia tudo vai embora, mas você também está ganhando a cada segundo momentos perfeitos um depois do outro até que no fim você tem a vida toda, você tem tudo e o custo é alto, mas vale à pena

Filmes sobre loop temporal sempre me atraem enquanto espectadora (apesar de reconhecer que a temática já está de certo modo saturada) e alguns conseguiram lugar de destaque em minha lista de preferências cinéfilas, sendo um deles O mapa das pequenas coisas perfeitas (The map of tiny perfect things, 2021) dirigido por Ian Samuels.  Apesar de ser um filme teen com os clichês comuns ao gênero a sintonia entre o casal protagonista e a abordagem  interessante acerca do tempo levantada em alguns momentos pode resultar em boas reflexões.

‘Tempo é tudo que acaba’

Essa é uma das frases ditas pelo protagonista do filme e é sobre essa efemeridade dos momentos que pretendo seguir para conduzir a reflexão acerca do filme. Mark (Kyle Allen) revive cada dia tentando diferenciá-los para ressignificar a monotonia da repetição e Margaret (Kathryn Newton) se refugia nos momentos perfeitos para tentar adiar ao máximo a morte da mãe doente. Mark  antes de conhecer Margaret usufruía do tempo de maneira egoísta esquecendo-se de incluir sua família no mesmo, enquanto Margaret temia a despedida e o inevitável.

Cada um deles pode de certo modo nos representar no modo distinto de lidarmos com o tempo diante desta ambigüidade em que ele se apresenta a nós, ora oferecendo-nos o dia para dele usufruir dentro deste período de vinte quatro horas, ora nos subtraindo momentos que não notamos de tão rápido que passaram.

Se fosse possível revivê-lo tal como Mark faz no filme talvez correríamos o risco de nos entediarmos com a previsibilidade constante  e   acabaríamos  estacionados no passado dentro do presente.

Confesso que em nossa vaidade humana ficaríamos com a sensação de controle ao sabermos previamente o que aconteceria em nosso dia, porém tal como na ficção esse caminho não daria tão certo, já que o que a princípio era diversão pode tornar-se além de entediante uma rota de fuga dos problemas que nos cercam.

No filme, à medida que o relacionamento entre o casal protagonista progride, ao descobrirem que possuem o dom de viajarem no mesmo dia várias vezes, eles aprendem juntos que o que realmente importa no presente é a maneira como cada um de nós desfruta dele sendo impossível tentar contê-lo para evitar um momento doloroso ou preservar um feliz.

Assim, talvez uma das alternativas seja ao invés de tentarmos somente revisitar esses bons momentos por meio de nossas lembranças nos esforçarmos para encontrar em meio a isso coisas especiais que dão significado e que de alguma maneira rompem com a monotonia do cotidiano.

 

Por essa linha de pensamento para cada um de nós o que realmente importaria em nosso modo de relacionar com o tempo seria saber lidar com seu curso natural em suas alegrias e dissabores, vivenciando-o em sua totalidade sem nos perdermos, pois o importante não é parar o tempo, mas eternizá-lo ao lado das pessoas que amamos e admiramos através dessa vivência e tempo compartilhados.

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