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Crítica: Pegando fogo(2015)

A culinária e seu poder gregário

O universo da gastronomia é uma temática constantemente revisitada pelo cinema, o qual apesar de diferentes perspectivas de cada cineasta parece repetir a fórmula padrão de filmes da área: belas imagens de pratos de comida que enchem os olhos e levam o espectador a salivar, cenas ambientadas em cozinhas profissionais e em meio aos temperos, massas e doces uma história de amor para completar esse menu fílmico.

Contudo, dependendo da abordagem escolhida pelos diretores alguns filmes acabam sobressaindo-se em meio a esse filão, como aconteceu quando assisti Pegando Fogo (2015) dirigido por John Wells. O filme obviamente não é o melhor sobre o tema devido a falta de profundidade de seus personagens, dentre eles o protagonista interpretado por Bradley Cooper, bem como os demais personagens secundários que mesmo importantes na narrativa foram limitados a perfis rasos e mal desenvolvidos deixando com isso uma lacuna e a ausência de quaisquer possibilidade de proximidade/identificação com o público espectador.

Entretanto, como não pretendo aqui analisar essa e outras falhas presentes no filme, me deterei no que acredito ser o principal objetivo da história proposta, a qual mesmo que superficialmente trabalhada ainda consegue em alguns momentos levar o espectador mais sensível à reflexão.

Antes resumirei a história do longa para contextualizarmos nossa discussão: Adam Jones (Cooper) era um famoso chefe em Paris, mas o abuso de álcool e drogas interrompe sua carreira e o afasta dos amigos e antigos parceiros, porém ao chegar em Londres Adam decide recomeçar na gastronomia contando com a ajuda do maître Tony Balerdi (Daniel Brühl) e de antigos amigos que convoca para ajudá-lo.

O temperamento explosivo de Adam dificulta o trabalho e a harmonia entre a equipe e a cozinha muitas vezes torna-se espaço de conflito entre eles.

É justamente acerca desta relação entre o chefe temperamental (interpretado brilhantemente por Cooper) e sua equipe que quero me ater, pois em Pegando Fogo o ato de cozinhar além de tornar-se uma possibilidade de superação dos vícios e redenção do protagonista, é mostrado como algo que essencialmente necessita do coletivo para dar certo. Apesar do diretor John Wells não ter, mesmo com um talentoso elenco de atores, conseguido aprofundar e explorar mais os personagens de cada um, ainda assim nos entrega um resultado satisfatório quando levamos em conta cenas que mostram a mudança gradual do protagonista que supera o vício por meio da culinária ao mesmo tempo que aproxima-se mais de seus colaboradores e amigos.

Na centralidade dessa relação do cozinheiro com equipe está a comida e seu poder gregário, elo de ligação entre os personagens, seja na execução dos pratos ou em momentos agradáveis como no ato de comerem juntos, o amor pela culinária motiva Adam a rever seus atos e recuperar a confiança daqueles que um dia magoou.

Pegando Fogo é um filme sobre redenção, recomeços e sobre o sentido de unidade possibilitado pelo ato de cozinhar.

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Inté!

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