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Reflexões:A senhora morte – a dama incompreendida

Reflexões: A senhora morte - a dama incompreendida

Sempre quando reflito sobre a morte uma sucessão de coisas, frases, imagens e momentos atravessam minha mente. Recordo-me das cenas magníficas de O Sétimo Selo (1957) e também de quando exibi em sala de aula A Noiva Cadáver (2005) de Burton para meus alunos na faixa etária de 8 a 11 anos.

Ela é temida por muitos, outros evitam a todo custo falar sobre ela, para alguns ela é um castigo para outros uma certeza inaceitável e há ainda aqueles que preferem ignorá-la. Enfim são várias as maneiras com as quais nós seres humanos nos damos com a morte.

Encantei-me com a maneira filosófica escolhida por Bergman ao tratar o medo da morte e a forma cômica conduzida por Burton em sua animação mórbida. Lembro da minha surpresa ao testemunhar a naturalidade e ausência de temor por parte das crianças ao assistirem Noiva Cadáver.

Por minhas reflexões perpassam também outras referências. Mas quero me ater nesse momento à reflexão sobre a incompreensão da morte por parte dos humanos. O que a meu ver é uma contradição, pois se teme algo inevitável enquanto se faz ode a vida e as dádivas trazidas por esta alguns tentam prorrogá-la e espantá-a, esforçando-se inutilmente por meio de rituais e costumes vãos.

Então pergunto por que temer a morte se a vida é que é de fato um risco? , pois como já dizia Guimarães “viver é muito perigoso” e como é!

Na vida estamos suscetíveis a riscos a todo o momento: doenças, atentados, assaltos, abusos, violência urbana entre outros, não quero dizer que tenhamos de andar temerosos ou desmerecendo a própria vida, nem incentivo com isso atitudes mais drásticas como suicídio coletivo, mas quero dizer com isso que temos de aprender a compreender a morte não aceitando-a com resignação ou revolta mas vendo-a com naturalidade como um desfecho comum à humanidade.

Creio que são vários os motivos que nos fazem ainda ver a morte com maus olhos irei sublinhar apenas dois deles:

não sabemos lidar com a perda e não queremos crer devido a nosso narcisismo exacerbado que nossa existência terá um fim, que seremos para sempre extinguidos da vida na terra.

O desejo da imortalidade é sinônimo de fraqueza daqueles que não percebem que o fim das coisas é uma das experiências mais belas e necessárias que temos de experimentar, exaltamos o nascimento por querermos sempre receber e vencer em nossa arrogância e soberba enquanto doar e doarmo-nos é algo difícil demais!

A morte é uma doação forçada de nós mesmos e daqueles que nos são queridos, afinal todos são mortais, ainda bem, pois seria ruim e confuso um mundo super povoado de gente, pois esta em demasiado cansa.

Paremos então de insistir em dar as costas à morte. Pois a colheita de vidas é essencial para dar continuidade a ciranda que a mesma é no seu movimento que se reproduz eternamente com a mesma ordem:
nascemos,vivemos e morremos,sem eufemismos saibamos cantar a canção da despedida com o mesmo entusiasmo da canção da chegada.

Referências (Confira também abaixo nossos links especiais caso queira adquirir estas obras)
A NOIVA cadáver. Direção: Tim Burton; Mike Johnson, EUA: 2005 1 DVD (77 min),son.,color.
O SÉTIMO selo. Direção: Ingmar Bergman, Suécia: 1957.1 DVD (95
min), son.,preto e branco.

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